A nova do dia é que o governo do Novo México está estudando um possível perdão a “Billy the Kid”, mais de 130 anos depois de sua morte. Se a discussão permaneceu após tanto tempo, isso se deve principalmente pela grande admiração que ele possuía – e possui - por parte da população americana mais pobre, que, inclusive, o ajudou em uma de suas lendárias fugas, quando fora condenado ao enforcamento. Seu primeiro grande ato de coragem fora comandar uma quadrilha cujo objetivo, cumprido com êxito, era o de exterminar uma gangue ligada a grandes proprietários rurais para vingar um rancheiro amigo seu. Isso com míseros 19 anos, daí o “the kid”. O fascínio do povo era tanto que, em uma das cartas que escreveu ao governador exigindo liberdade, o “gângster” reclamou que policiais estariam cobrando ingresso para que as pessoas visitassem sua cela.
Dizer se é justo ou não o perdão a “Billy the Kid” é a mesma tolice que discutir se Capitu traiu ou não Bentinho. Pois tanto não é essa a questão mais importante para a lenda do caubói americano, como também não está na confirmação (ou não) do adultério o sublime da obra machadiana. Mesmo assim, o fato de a discussão estar em pauta, aguçou minha curiosidade. Perdoado ou não, Billy tornou-se livro, filme, música, bate-papo de esquina e incrustou-se no imaginário popular global. Ao ler a reportagem, lembrei-me que eu costumava chamar meu “feroz” poodle de “Billy the Killer”, fazendo um trocadilho com a alcunha do caubói e dando uma conotação de valentia ao pequenino cão, o que causava graça aos que presenciavam a cena. Eu particularmente nada sabia de concreto sobre a biografia do maior mito do velho oeste norte-americano, mas sabe-se lá porque seus valores estavam em minha cabeça.
Talvez porque a história de Billy – o caubói, não o cachorro – esteja intimamente ligado a temas universais, como vingança, injustiça, corrupção, lealdade e a morte. Por suas ações foras da lei, que deixavam os bons costumes de lado para assumir o compromisso com um valor ou causa justificáveis, pode ser designado como um típico anti-herói. É, neste sentido, um microcosmo de Meneghetti, o bom ladrão paulistano, e talvez um sucessor de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres. Ou quem sabe não tenha influenciado Zorro, que transforma o Sargento Garcia em vilão pitoresco. Há que se lembrar também da figura de Lampião, o rei do cangaço brasileiro.
Enfim, Billy - o caubói e o cachorro - cumpriu sua missão na terra, ao mostrar que a realidade estrita não pode impedir o alcance de nossas ações. Não é preciso estar dentro dos padrões morais e normas vigentes para se fazer o justo. Não é preciso ser grande para ser valente. Talvez por isso minha admiração...
Por ambos.
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Billy the Kid, o caubói, morreu ao ser atingido por tiros à queima roupa em 1881, pelo sargento Pat Garrett, o mesmo que escreveu sua biografia. Já Billy the Killer, o cão, morreu em 2005, vítima daquelas doenças de carrapatos, que nada puderam escrever sobre o temível cão.
Dizer se é justo ou não o perdão a “Billy the Kid” é a mesma tolice que discutir se Capitu traiu ou não Bentinho. Pois tanto não é essa a questão mais importante para a lenda do caubói americano, como também não está na confirmação (ou não) do adultério o sublime da obra machadiana. Mesmo assim, o fato de a discussão estar em pauta, aguçou minha curiosidade. Perdoado ou não, Billy tornou-se livro, filme, música, bate-papo de esquina e incrustou-se no imaginário popular global. Ao ler a reportagem, lembrei-me que eu costumava chamar meu “feroz” poodle de “Billy the Killer”, fazendo um trocadilho com a alcunha do caubói e dando uma conotação de valentia ao pequenino cão, o que causava graça aos que presenciavam a cena. Eu particularmente nada sabia de concreto sobre a biografia do maior mito do velho oeste norte-americano, mas sabe-se lá porque seus valores estavam em minha cabeça.
Talvez porque a história de Billy – o caubói, não o cachorro – esteja intimamente ligado a temas universais, como vingança, injustiça, corrupção, lealdade e a morte. Por suas ações foras da lei, que deixavam os bons costumes de lado para assumir o compromisso com um valor ou causa justificáveis, pode ser designado como um típico anti-herói. É, neste sentido, um microcosmo de Meneghetti, o bom ladrão paulistano, e talvez um sucessor de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres. Ou quem sabe não tenha influenciado Zorro, que transforma o Sargento Garcia em vilão pitoresco. Há que se lembrar também da figura de Lampião, o rei do cangaço brasileiro.
Enfim, Billy - o caubói e o cachorro - cumpriu sua missão na terra, ao mostrar que a realidade estrita não pode impedir o alcance de nossas ações. Não é preciso estar dentro dos padrões morais e normas vigentes para se fazer o justo. Não é preciso ser grande para ser valente. Talvez por isso minha admiração...
Por ambos.
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Billy the Kid, o caubói, morreu ao ser atingido por tiros à queima roupa em 1881, pelo sargento Pat Garrett, o mesmo que escreveu sua biografia. Já Billy the Killer, o cão, morreu em 2005, vítima daquelas doenças de carrapatos, que nada puderam escrever sobre o temível cão.