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O nadador

Uma crônica de Hugo Ciavatta.

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Crônica de Fábio Accardo sobre infância e imaginação

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Uma reflexão de Thiago Aoki.

Entre o amarelo e o vermelho

Uma crônica de Hugo Ciavatta

O homem cordial vinhedense

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terça-feira, 4 de março de 2014

Nota Oficial sobre a repressão policial no carnaval de Barão Geraldo

. . Por Fábio Accardo, com 0 comentários


Dado os acontecimentos lamentáveis de violência policial durante o carnaval de Barão Geraldo, distrito de Campinas, abrimos espaço para hospedar a nota oficial do Bloco do Souza, que segue abaixo.


Bloco do Souza - Nota Oficial sobre a repressão policial no carnaval de Barão Geraldo

Durante a madrugada de ontem (03 para 04 de março), por volta das 02h da manhã, a roda de samba do Bloco do Souza, que acontecia depois da belíssima apresentação do Bloco Cupinzeiro, foi surpreendida por bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Havia em torno de 500 pessoas quando a força policial (Guarda Municipal e Polícia Militar) chegou, sem nenhum diálogo ou interlocução com alguém do bloco. A roda de samba acontecia com muita paz, inclusive crianças brincavam no parquinho da Praça do Coco. 

O bloco, que ano passado teve como temática "SE NÃO FOR FALAR DE AMOR, EU NÃO QUERO NEM OUVIR" e esse ano trouxe o tema "NÃO VENHA BOTAR CORDA NO MEU BLOCO", foi atacado pela força policial enquanto os membros lutavam para salvar o carrinho que continha mesa, caixa de som e instrumentos musicais. Como a roda estava voltada para o centro da praça, praticamente ninguém conseguiu ver que a força policial estava chegando.

Após a correria, o que sobrou do bloco foi levado para a Moradia dos Estudantes da Unicamp, onde, na calçada, era possível ver pessoas feridas com bala de borracha, sufocadas com o gás lacrimogêneo ou simplesmente chorando assustadas e sem entender o porquê do ocorrido. Quando as pessoas ainda se recompunham aglomeradas, uma viatura da Polícia Militar parou, brecou ao lado destas, as encarou, sem prestar socorro, em mais uma atitude de intimidação. 

Somente nas primeiras horas do dia de hoje (04 de Março), é que o Bloco soube de supostas depredações que poderiam ter ocorrido na região central de Barão Geraldo e devido às informações desencontradas, não se pode afirmar como ou porque tudo começou. 

Diante das últimas ações discriminatórias e de violenta repressão das Forças Policiais, não só em Campinas, podemos concluir que estas mesmas ações durante o carnaval de Barão Geraldo ocasionaram o clima de insegurança e violência na noite passada.

O lema escolhido pelo Bloco e levado à rua este ano, "NÃO VENHA BOTAR CORDA NO MEU BLOCO", explicita o nosso posicionamento de ser contra ao “apartheid” de manifestações culturais, como o funk, o pagode ou quaisquer que sejam. Não entramos nesse ano na programação oficial e somos contra cordões de isolamento, áreas reservadas, separação cultural, e de classe, especialmente, em um carnaval de rua, que deveria ser aberto e do povo, onde todos possam construir, participar, se expressar e partilhar alegria.

Por fim, para além da indignação e do repúdio diante dos fatos desta madrugada, não podemos deixar de questionar: Quem está por trás da ação da polícia? Quem mandou a ação de repressão para acabar com o carnaval popular? Exigimos posicionamento oficial da Prefeitura Municipal de Campinas, da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Secretário de Cultura Ney Carrasco e ainda da Guarda Municipal e da Polícia Militar.

E tudo que se pensa na hora em que observamos a força policial tão despreparada para lidar com pessoas, é que, se com estudantes universitários, em um bairro classe média alta se age assim, imagina aonde a imprensa não chega.

BLOCO DO SOUZA
04/03/2014


OUTROS CARNAVAIS
(Jefferson Vasques)


Na cadência dos bumbos, 
e das bombas, 

com fogo nos pés
e gás nas rodas,

com a pele suada
tingida marcada,

seguimos o vertiginoso passo
da história.

São outros
os carnavais

mas velhas
as memórias

as sempre mesmas
alegorias de outrora:

na comissão de frente
a polícia vem grave, 
abrindo alas,
tocando o terror,
segurando as bases...

logo em seguida, 
afinando os surdos,
chorando a cuíca, 
desafinam 
os faceiros da mídia...

e, claro,
segurando o rojão,
assegurando a folia,
o cordão de isolamento
da justiça!

(são outros
os carnavais
que o Estado,
de camarote, 
financia)

Mas na cadência dos bumbos
na cadência das bombas,
os passistas vão sendo
batizados

e aprendem
o seu devido lado
na rua

o apertado passo da 
marcha

qual couro canta
na calada

o enredo que nos
aguarda.

Apesar
de toda a desarmonia, 
sim,
seguimos cantando, 
dançando e sorrindo

agora
empunhando 
novas máscaras

ousando novas
fantasias.

Assim,
aos poucos,
vamos forjando
um bloco
nosso partido alto
nesse samba!

E a cada novo
breque fora
do tempo
a cada nova
bomba

só cresce, 
- ah, só cresce! -
nossa roda 
de bamba!

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