- Você quer a verdade ou uma história?
Um dia, no casamento do tio, ao entrar no carro para a festa, o menino pergunta aos pais o por que daquele papel (de propaganda) que se encontrava sobre o parabrisa do veículo. A mãe lhe responde então: "você quer a verdade, ou uma história?". Pedida a história, a mãe somente lhe diz que fora um coelho quem colocou aquele papel ali. Resultado, o pequeno ficou a festa toda procurando o tal coelho pelo salão.
Conta-se que os pais, um desenhista industrial e uma arquiteta, sempre foram muito francos com o garoto, nunca esconderam ou mentiram sobre nada, mas nem por isso deixaram de incentivar ludicamente o pequeno, com historietas e fantasias as mais diversas.
Estrábico, Lino, como ele se chama, teve que usar os famosos tampões sobre cada um dos olhos. Não sei se já viu, ou se lembra de alguém com isso, porém, para uma criança , acredito, nunca deixaria de ser constrangedor andar com aquilo no rosto, ir para o colégio e ser azucrinado pelos amiguinhos. O pai, talvez para evitar isso, e tornar divertida a situação, desenhava um super-herói sobre o tampão conforme o menino pedia. Se queria ir com o homem-aranha, o super-homem, ou o batman, lá estaria desenhado. O pai ainda dava uma incrementada nas roupas do menino para que ele fosse ao colégio quase fantasiado. Quando a inspetora da escola, um tanto religiosa, reclamava, o pai, só de pirraça, mandava-o com um capeta desenhado para as aulas.
Bem, mas eles se mudaram de cidade devido ao trabalho dos pais. E a Tia da escolinha ficou mais chata então. Ela logo veio dizer que ali, diferente da outra escola, não era carnaval todos os dias para que o menino fosse fantasiado para o colégio. Pois bem, o pai abriu o jogo com Lino, dizendo que ele teria que escolher uma roupinha mais adequada para ir a escola. Lino escolheu... bem... escolheu... sapatinho e camisa sociais, calça de linho e uma boina: moda anos 20! Como dizem os ingleses, um perfeito dândi. Subversivo, não? Manteve-se fantasiado, mas, mesmo assim, ultra bem vestido, ninguém pôde reclamar.
Passado algum tempo, andando pela nova cidade, o guri viu nas vitrines um daqueles terninhos para crianças: "ô pai, eu quero um terninho daquele ali, ó". O pai lhe disse que era caro e que não poderia pagar, o menino insiste: "não pai, eu te pago". Já que era assim, o pai então comprou o terno, do jeito que pôde, pra ver no que ia dar. Danadinho, o menino vira na tv e nas praças pessoas se fazendo de "estátuas". Uma tarde numa praça brincando de "estátua viva" foi o que Lino precisou para juntar dinheiro suficiente para pagar dois terninhos ao pai.
Já era hora, e Lino estava fazendo teatro numa escola quando o descobriram e agora ele teria sido convidado a fazer parte de um filme com Uma Thurman. Qual o personagem dele? Ele mesmo. Pois é, dizem até que ele torceu o nariz, afinal, queria fazer alguma coisa diferente. Estrelas.
Não sei se acredito, porém gostaria de seguir preferindo histórias, se pudesse escolher.
Estrábico, Lino, como ele se chama, teve que usar os famosos tampões sobre cada um dos olhos. Não sei se já viu, ou se lembra de alguém com isso, porém, para uma criança , acredito, nunca deixaria de ser constrangedor andar com aquilo no rosto, ir para o colégio e ser azucrinado pelos amiguinhos. O pai, talvez para evitar isso, e tornar divertida a situação, desenhava um super-herói sobre o tampão conforme o menino pedia. Se queria ir com o homem-aranha, o super-homem, ou o batman, lá estaria desenhado. O pai ainda dava uma incrementada nas roupas do menino para que ele fosse ao colégio quase fantasiado. Quando a inspetora da escola, um tanto religiosa, reclamava, o pai, só de pirraça, mandava-o com um capeta desenhado para as aulas.
Bem, mas eles se mudaram de cidade devido ao trabalho dos pais. E a Tia da escolinha ficou mais chata então. Ela logo veio dizer que ali, diferente da outra escola, não era carnaval todos os dias para que o menino fosse fantasiado para o colégio. Pois bem, o pai abriu o jogo com Lino, dizendo que ele teria que escolher uma roupinha mais adequada para ir a escola. Lino escolheu... bem... escolheu... sapatinho e camisa sociais, calça de linho e uma boina: moda anos 20! Como dizem os ingleses, um perfeito dândi. Subversivo, não? Manteve-se fantasiado, mas, mesmo assim, ultra bem vestido, ninguém pôde reclamar.
Passado algum tempo, andando pela nova cidade, o guri viu nas vitrines um daqueles terninhos para crianças: "ô pai, eu quero um terninho daquele ali, ó". O pai lhe disse que era caro e que não poderia pagar, o menino insiste: "não pai, eu te pago". Já que era assim, o pai então comprou o terno, do jeito que pôde, pra ver no que ia dar. Danadinho, o menino vira na tv e nas praças pessoas se fazendo de "estátuas". Uma tarde numa praça brincando de "estátua viva" foi o que Lino precisou para juntar dinheiro suficiente para pagar dois terninhos ao pai.
Já era hora, e Lino estava fazendo teatro numa escola quando o descobriram e agora ele teria sido convidado a fazer parte de um filme com Uma Thurman. Qual o personagem dele? Ele mesmo. Pois é, dizem até que ele torceu o nariz, afinal, queria fazer alguma coisa diferente. Estrelas.
Não sei se acredito, porém gostaria de seguir preferindo histórias, se pudesse escolher.
As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.
(Mário Quintana)
(Mário Quintana)
6 palpites:
Tua habilidade para contar histórias me fascina. Brincadeiras a parte sobre seus detalhes nas narrações (o que acho maravilhoso), te conto que as primeiras vezes que ouvi seu relato sobre essa história eu não a havia entendido muito bem, apesar de tamanha facilidade para narrar. No entanto, lendo ela agora, me parece fantástico a concepção do personagem Lino, por você e pela vida. Espero que o filme seja tão bom quanto sua narrativa...
Abraços meu querido amigo.
Hugão,
se eu passar o dia com essa sensação que você me deixou agora já será uma felicidade imensa. Espero que dure muito mais.
Muito obrigado.
Um grande abraço rapaz!
Prefiro comentar este conto ou quase-conto por um e-mail pessoal, tamanha admiração e confusão de sentimentos. Acho que só você e meu pai têm o dom de contar uma história que já conheço e me fazer querer ouvir de novo, desta vez lê-la. Limito-me aqui a dizer que está magnífico.
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Abraços
agradeço ao Dalmoro, que foi quem me contou a história e, inclusive, já havia escrito sobre isso com muito mais cuidado, mais beleza, enfim, muito melhor, e com outra ênfase (http://comportamentogeral.blogspot.com/2009/01/o-lino.html).
O plágio é perdoável, mas não ter colocado o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=k6zca0X8lXY no post, não!
Bjs!
hugão, você brilha.
como o chinês, preciso te responder pessoalmente..
smac
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