Que o futebol é parte integrante da Cultura Nacional, isso é um fato. E fica ainda mais evidente a cada Copa do Mundo como ele se constitui como parte da identidade nacional. Ainda mais se pensamos que nossa identidade é construída não apenas por nós mesmos, mas principalmente pelo modo como as outras pessoas nos enxergam. Tanto que alguns rebeldes em 1970 negavam-se, sob protesto, a torcer pela seleção brasileira, considerando o esporte como manipulação e alienação política. A seleção encantou e ganhou. Talvez hoje esses rebeldes sintam-se um tanto quanto arrependidos de tal proposicionamento ou ainda torçam o nariz ao ver tamanha espetacularização econômica que domina o esporte. Ou ambos. O número de marcas que apoiam a seleção nunca foi tão grande e a verba de contratos e patrocínios praticamente quadruplicou de 2006 para 2010. Dizer-se apoiador da seleção brasileira significa, na propaganda, dizer que sua empresa é responsável pela alegria proporcionada a cada brasileiro. E mesmo que não ganhemos a Copa, a culpa não será de quem investiu no time. Se intelectuais não gostam de tanto iêiêiê, quem trabalha certamente prefere perder 90 minutos da árdua escala para ver a amarelinha brilhar. Folguinha para ver os jogos da seleção é quase artigo da CLT. Em meio a essa euforia e super-produção futebolística que vivemos, lembro-me aqui, através de leitura do ótimo Blog da Redação do UOL, de uma das mais fantásticas jogadas de marketing que já existiram, realizada no final de 2009, na Itália, pela cerveja Heineken, patrocinadora oficial da Champions League.
O projeto ficou denominado como "Heineken Case Study" (Estudo de caso da Heineken) e tinha como alvo a grande partida da primeira fase da Champions League: Real Madrid x Milan, clássico que praticamente parou a Europa na época de seu acontecimento. A ideia era complexa. A Heineken combinou com pouco mais de 200 italianos entre professores, chefes executivos e namoradas para convencerem seus pares (alunos, empregados e namorados), todos fanáticos pelos times em questão, a assistirem a um concerto de música erudita que ocorreria no mesmo dia e horário do jogo, sem contar a estes que seriam vítimas da ação publicitária. Pois bem, a partir de argumentos esdrúxulos, torcedores fanáticos submeteram-se a assistir ao concerto e, durante a execução, um telão transmitia poesias diversas. Era claro no rosto de cada "espectador" a angústia e desespero por não estar acompanhando à partida. Após 15 minutos de tortura, aparece, no telão, algo como "É difícil dizer um não para sua namorada ?" "E para seu chefe?" "E para a partida?" "Como vocês iriam perder essa partida?". E logo a música característica da Champions League começa a ser ouvida e a reação da plateia é mostrada ao vivo para mais de 1,5 milhões de espectadores que aguardavam a transmissão da partida. "Nesse momento, Milan e Real Madrid estão subindo ao campo". E, então, a partida começa a ser transmitida ao vivo no telão, para alívio, aplauso e euforia das cobaia da "pegadinha" da Heineken.
Além da genial publicidade, que conquistou a web e noticiários durante aquele período, o que fica claro é o poderio que o futebol tem para com o mundo. A copa vai chegando e cada vez mais é difícil e constrangedor dizer-se não acompanhante do mundo futebolístico. Pior ainda é preferir concerto e poesia às quatro linhas. Por outro lado, seria argumento cult e elitista pensar que aqueles que preferem o clássico europeu à música clássica são atrasados culturalmente. Inclusive, acho que boa parte dos que se consideram "eruditos", preferem que apenas uma minoria tenha condição de ser. O fato é que se trata de dois eventos culturais distintos, cada qual com seu público-alvo e popularidade. Eu mesmo, confesso, preferiria ir ao estádio num jogo do Corinthians do campeonato paulista do que a um camarote do show do Chico Buarque no Citibank Hall, e creio que o próprio Chico entenderia minha escolha. Porque tanto é verdade a máxima de Guimarães Rosa já citada em outro post de que "pão ou pães é questão de opiniães", como aquela anônima que diz: "gosto é igual braço, tem gente que tem, tem gente que não tem".
O projeto ficou denominado como "Heineken Case Study" (Estudo de caso da Heineken) e tinha como alvo a grande partida da primeira fase da Champions League: Real Madrid x Milan, clássico que praticamente parou a Europa na época de seu acontecimento. A ideia era complexa. A Heineken combinou com pouco mais de 200 italianos entre professores, chefes executivos e namoradas para convencerem seus pares (alunos, empregados e namorados), todos fanáticos pelos times em questão, a assistirem a um concerto de música erudita que ocorreria no mesmo dia e horário do jogo, sem contar a estes que seriam vítimas da ação publicitária. Pois bem, a partir de argumentos esdrúxulos, torcedores fanáticos submeteram-se a assistir ao concerto e, durante a execução, um telão transmitia poesias diversas. Era claro no rosto de cada "espectador" a angústia e desespero por não estar acompanhando à partida. Após 15 minutos de tortura, aparece, no telão, algo como "É difícil dizer um não para sua namorada ?" "E para seu chefe?" "E para a partida?" "Como vocês iriam perder essa partida?". E logo a música característica da Champions League começa a ser ouvida e a reação da plateia é mostrada ao vivo para mais de 1,5 milhões de espectadores que aguardavam a transmissão da partida. "Nesse momento, Milan e Real Madrid estão subindo ao campo". E, então, a partida começa a ser transmitida ao vivo no telão, para alívio, aplauso e euforia das cobaia da "pegadinha" da Heineken.
Além da genial publicidade, que conquistou a web e noticiários durante aquele período, o que fica claro é o poderio que o futebol tem para com o mundo. A copa vai chegando e cada vez mais é difícil e constrangedor dizer-se não acompanhante do mundo futebolístico. Pior ainda é preferir concerto e poesia às quatro linhas. Por outro lado, seria argumento cult e elitista pensar que aqueles que preferem o clássico europeu à música clássica são atrasados culturalmente. Inclusive, acho que boa parte dos que se consideram "eruditos", preferem que apenas uma minoria tenha condição de ser. O fato é que se trata de dois eventos culturais distintos, cada qual com seu público-alvo e popularidade. Eu mesmo, confesso, preferiria ir ao estádio num jogo do Corinthians do campeonato paulista do que a um camarote do show do Chico Buarque no Citibank Hall, e creio que o próprio Chico entenderia minha escolha. Porque tanto é verdade a máxima de Guimarães Rosa já citada em outro post de que "pão ou pães é questão de opiniães", como aquela anônima que diz: "gosto é igual braço, tem gente que tem, tem gente que não tem".
2 palpites:
Com um final tipicamente "Chinês", estava aqui lembrando, mais do que a propaganda da cerveja (está virando especialista, hein?!) aquele filme do Cao Hamburger, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias (simplesmente maravilhoso, por sinal). O personagem de Caio Blat, se não estou enganado, era um "militante" contrário à seleção, por causa de toda a história, enfim, daí no filme, além de toda a sensiblidade, poesia, beleza, construída, fica bem divertida a relação entre a "Política" e o "Esporte"!!
Abraços
Exato hugo, pensei muito nesse filme, mas ia delongar muito a postagem! O personagem de Caio Blat era um estudante do Bom Retiro e diz que seria bom pro socialismo se a união soviética vencesse a copa, mas no decorrer ele se entrega à amarelinha e acaba torcendo por aquela fantástica seleção de 70. Filme genial...
Postar um comentário