Já mostrei, por este blog, contornos de minha paixão pelo Futebol. Corinthiano roxo, a mais remota lembrança que me vem à mente é estar nos ombros de meu pai, em um bar da longínqua Lins, assistindo jogos do brasileiro de 1990, com menos de três anos de idade, o que me faz questionar se não nasci já com o gene alvi-negro - ainda que eu tenda a delegar tudo no mundo como uma construção social. Eis que hoje necessitava escrever algo para o Mistura, porém não sai de minha cabeça o Corinthians e sua estreia na libertadores, então resolvi misturar indigestamente Arte e Futebol, apresentando três trabalhos de artistas-craques que tratam o tema com maestria.
O primeiro, Caio Vilela que, paralelamente ao seu trabalho de jornalista, quase que como hobby, começou a tirar foto de todas as peladas com as quais se deparava por todo o mundo. A brincadeira tornou-se o livro "Futebol sem Fronteiras", com imagens surpreendentes nos mais inusitados destinos. Ganhou notoriedade há algumas semana ao participar do programas Altas Horas, da TV globo. A entrevista no vídeo abaixo, realizada pela Folha de São Paulo, ajuda a melhor compreender seu trabalho.
O primeiro, Caio Vilela que, paralelamente ao seu trabalho de jornalista, quase que como hobby, começou a tirar foto de todas as peladas com as quais se deparava por todo o mundo. A brincadeira tornou-se o livro "Futebol sem Fronteiras", com imagens surpreendentes nos mais inusitados destinos. Ganhou notoriedade há algumas semana ao participar do programas Altas Horas, da TV globo. A entrevista no vídeo abaixo, realizada pela Folha de São Paulo, ajuda a melhor compreender seu trabalho.
O segundo, Daniel Kfouri, muito bem apadrinhado por Juca Kfouri, seu pai, um dos mais renomados analistas esportivos do país. Mas, diferentemente do que os conspiracionistas podem pensar, seu trabalho mostra que o sucesso do filho não é resultado do jabá e curujice do pai. O fotógrafo, que já reformara visualmente a revista Sexy e fora chefe de arte da Caros Amigos, acaba de ser premiado pelo tradicional World Press Photo. As fotos especialmente bem finalizadas, possuem um tom mais artístico, em geral preto e branco, aproveitando muito dos contrastes. Coloco ao lado um aperitivo cujo prato principal pode ser melhor degustado em seu site oficial, no qual eu destacaria a galeria "Várzea II", com fotos simplesmente esplendorosas.
Por fim, o trabalho de João Máximo e Leonel Kaz. Ambos, desta vez não-fotógrafos, publicaram o "Brasil: Um século de futebol", selecionando 180 imagens dentre as 60 mil que por suas mãos passaram. Este livro foi um pouco deixado de lado pela mídia, talvez pela falta de apadrinhamento dos autores ou alto valor da obra (em torno de R$150,00), porém não fica atrás das obras anteriores. É uma compição de fotografias desde 1886 aos dias atuais que, complementado pelo texto dos organizadores, recontam a história do futebol brasileiro. Mostra muito bem como no Brasil, qualquer lugar é lugar para uma boa pelada. Deixa um pouco de lado a fotografia glamurosa grandes clubes e grandes torcidas para destacar-se com o futebol do cotidiano, da várzea e do improviso, aquele que efetivamente faz do Brasil o país do futebol. O livro possui fotos incríveis, como a pernas tortas de Garrincha, Leônidas da Silva no alfaiate, Didi andando de bicicleta com Pelé, mas desistam, para mim, nenhuma delas superará a da capa do livro (dir.), um extenso campo de terrão que abriga dentro das suas quatro linhas uma enorme árvore assistindo tranquilamente ao rachão, o qual sequer podemos entender a divisão de times. Mas não se deixem levar apenas pelas imagens, os textos são ótimos e perpassam temas desde racismo até o futebol colocado como cultura nacional.
Isso sim é futebol-arte. Às vezes, em meio a tantas brigas e tumultos por causa da redonda, me pergunto se uma educação que nos ajude a ver o futebol como um todo não seria a melhor maneira de combater a violência no esporte, mas isso fica para um próximo post porque agora é hora de torcer pro Corinthians - e seja o que Deus quiser.
1 palpites:
Quando a gente joga futebol com gente mais perna-de-pau, não dá pra seguir o mesmo ritmo. A mesma coisa quando jogamos com uns caras que estão anos-luz a frente, não dá pra acompanhar. Thi, se continuar neste frenesi, não rola, manera a mão aí! Seja mais homeopático nas postagens, muitas numa mesma semana vão deixar você o nosso "miss-post"! Só não vai ganhar em visitas internacionais... rs!
Retirando o fato do Curintia ter ganhado o jogo, o post foi bom, principalmente pela parte da fotografia, do arte e magia, incrível mesmo!
Aguardo o texto sobre futebol e violencia.
Uma relação nada a ver que me veio agora é que há um texto de quarta agora, passada, do Marcelo Coelho falando sobre felicidade, se não me engano. No final dele, o Coelho me surpreendeu com uma reflexão sobre essa coisa da Ciência (leia-se DNA, gene) com aquilo que nos constitui em nossas relações sociais, e até interpessoais. Você viu esse texto? Isso me veio quando li o seu "gene alvinegro"... tudo bem, lendo assim até parece poesia, mas que horror! rs justamente "alvinegro"...rs
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