segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Melô do Bom Contribuinte

. . Por Thiago Aoki, com 1 commentário



- Eu pago meus impostos. Sim, eu pago meus impostos. E o que ganho com isso? Nada, apenas deixo de ser punido pelo Estado caso fosse um sonegador. Agora eu pergunto, pra onde vai esse dinheiro? O que se faz com esse dinheiro? Parece óbvio que o Estado brasileiro não tem condições de gerenciar tanto imposto, trilhões. Olha como é retrógrada a coisa: a agenda do país tem como um dos principais compromissos analisar se fulano torturou sicrano há cinquenta e tantos anos atrás. Deixa isso pra lá, já foi, já morreu todo mundo, era outra época, vamos ocupar nossa política com coisas relevantes, olhar pra frente, projetos que nos torne uma potência. Enquanto isso, quem paga os impostos necessários pro Planalto funcionar? Claro, nós, os contribuintes. É um perfeito exemplo de descaso com o dinheiro público. Há sim o imposto que funciona. Pedágios, por exemplo. Menos morte no trânsito, pistas duplas, segurança, conforto pra quem dirige. Tudo bem, você paga uma quantia lá, mas quando você compra seu carro zero quilômetro, você sorri porque sabe que poderá usufruir de toda sua potência para trafegar com segurança pelas estradas. E parando pra pensar, nem parar no pedágio precisa mais. A tecnologia a serviço do homem.  O imposto que funciona. Fico me perguntando quantas pessoas teriam acesso a telefones se o gestor da telefonia fosse o próprio governo brasileiro. E olha quantos ignorantes não enchiam o saco dia após dia, “vender o país”, como se o país fosse capaz de se administrar. O resultado tá aí, indiscutível. Melhor deixar na mão de quem tem entendimento, know-how, feeling, de quem sabe administrar, afinal, se o dinheiro fosse seu, quem você escolheria para cuidar? Investidores, managers renomados ou o braço estatal? Você pode tentar se enganar, mas no fundo não deixaria ali seu dinheiro. Você trabalhou pra isso, não vai deixar na mão de alguém que não sabe gerenciar nada. Você trabalhou. Não se conformou diante das dificuldades, não aceitou esmola do governo parado, não quis se acomodar no bolsa-miséria como muita gente.  Fez tudo pra vencer. Sabe, tem um filho de uma empregada minha que é assim. Luta, batalha, trabalha de dia, estuda de noite, está quase saindo do curso técnico. Quer ser alguém na vida. Já o irmão dele é um vagabundo. Daqueles que constitui uma família, instituição que já foi sagrada, só para receber o bolsa miséria do governo. Resultado, o rapaz fica encostado dia após dia, faz um bico ou outro, e coincidentemente sempre recebe os “benefícios”, entre aspas, do governo. “Benefícios” que saem da onde? Do dinheiro mal gerido do contribuinte. Onde estão os aeroportos para escoar a produção, a malha ferroviária, a infraestrutura necessária para produção? Viraram cinquenta reais, ou algo assim, no bolso de uma pessoa acomodada, que além de não procurar emprego, sabe-se lá onde vai gastar esse dinheiro. Dá-se o peixe, mas não se ensina a pescar. Mas o governo brasileiro é bom em acomodar as pessoas, estimular o jeitinho. O mais novo jeitinho do século XXI são as cotas. “O mundo tá injusto, vamos nivelar por baixo, vamos colocar pessoas menos capacitadas para pegar as vagas de quem se esforçou mais”. Tenha santa paciência, então vamos lá, pegue a nota do seu filho, que ele se esforçou pra poder receber a mesada, e divida com os amiguinhos. Ou então faça com que na seleção basileira seja obrigado a ter um jogador com mais de 120 quilos, para equilibrar. Até brinquei com minha filha, sugeri que ela intensificasse o bronzeamento artificial que ela faz duas vezes por semana pra ela falar que é afrodescendente, porque nesse país negros merecem mais, onde já se viu. Não sei como eles aceitam. Se eu fosse negro, numa boa, numa boa mesmo, não aceitaria esse atestado de incapacidade. Aí o cara vai lá, entra sem preparo, chega na universidade, atrasa o ritmo da turma, depois querem reclamar da qualidade da educação. Olha, eu mesmo acredito que educação é fundamental, sem mão de obra qualificada jamais chegaremos a algum lugar. Mas veja a bagunça. Não sei quantos dias de greve, daqui a pouco tá no calendário acadêmico dos caras: vestibular para os desqualificados, trote, matrícula, aulas, greve, greve, quebra-pau, aumento, aulas de novo. Meu filho mais velho poderia ingressar em qualquer faculdade, garoto inteligente, esforçado, não é um vagabundo qualquer. Mas eu preferi que ele não passasse por isso. Já pensou, não conseguir entrar por ausência de melanina na pele, ou ter que ficar à toa em casa por greve de baderneiros. Tudo errado... Outro dia um amigo mandou um vídeo no youtube, chamado “Baderneiors em greve”, pode pesquisar. Os caras numa boa fumando um baseado numa rodinha. Agora entendo porque não querem a polícia por lá... Aí a câmera dá uma rodada, tem dois caras se beijando. Isso mesmo, dois caras. Afinal, é uma greve ou pretexto pra não estudar e fazer pederastia? Não que eu seja contra dois caras... sei lá... se beijarem. Mas precisa fazer isso no meio de todo mundo, todo mundo tem que ver isso? Desnecessário. Se fosse só por gostar um do outro não iam querer ficar se exibindo.  Enfim, Deus que me livre. Coloquei logo o moleque em uma instituição privada, e quero que ele faça os dois últimos anos nos EUA, um convênio com um centro de pesquisa ótimo, “Massachusetts Institute of Technology”, referência mundial, não um antro de baderneiros que acham que o fim da universidade – paga com o dinheiro, adivinhem só, do contribuinte – é um baseadinho a mais.  É o tipo de gente que vai se formar e dar trabalho no emprego e quem vai pagar o pato mais uma vez? O empresário que contribuiu todo esse tempo e ainda tem que aturar uma mão-de-obra dessa categoria.  Ciclo vicioso. Quem sabe ele mesmo, meu filho, não seja alguém que mude tudo isso. Que volte ao Brasil com a experiência dos países sérios, chegue às instâncias de poder e mude esse sistema canalha e invertido que temos. Quem sabe ele não faça o justo, possibilite que o esforçado filho de minha empregada seja alguém na vida, talvez um supervisor de obras, um exemplo pro irmão vagabundo, que hoje deve rir por ganhar sem fazer nada. Vai ver que é por isso tanta gente pedindo dinheiro na rua, como se a unidade monetária fosse migalha de pão que se distribua aos pombos... Quem sabe meu filho não cresça e mostre que ninguém tem culpa de ter mais dinheiro, de ter mais terra, de ter um carro de luxo. Que, pelo contrário, ter mais é merecimento, que acúmulo é mérito. Quem sabe ele não inverta a lógica do jeitinho brasileiro e seja um exemplo de integridade. Quem sabe o filho acomodado da empregada não sinta orgulho de ver pela tevê uma figura de sucesso como meu filho, que eleva o nome do país, ou melhor, quem sabe ele não se sinta envergonhado de ter por tanto tempo mamado nas tetas do Estado, se acomodando em ser negro e pobre, com a sorte do destino de viver em uma terra onde a escória tem privilégios. Quem sabe ele não se envergonhe por isso, por não fazer sua parte para o país. A democracia precisa de pessoas dispostas à seguir as regras da liberdade, o capitalismo precisa de pessoas proativas. E o que estamos oferecendo ao mundo? O contrário.

    • + Lidos
    • Cardápio
    • Antigos