Para aqueles que não conhecem, a Virada Cultural é uma iniciativa da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, inspirada em iniciativa semelhante de algumas capitais europeias, que tem como proposta a execução de inúmeras atividades e expressões culturais na capital do estado de São Paulo durante 24h ininterruptas. O evento é conhecido por sempre apresentar atrações de alta qualidade, pelo alto grau de variação dos programas propostos e pelo público, sempre numeroso.
A programação desse ano apresenta algumas atrações já esperadas (como os já tradicionais palcos de rock e samba). O mais curioso dessa edição, porém, são algumas adições completamente inesperadas - a Virada Cultural 2010 terá, pela primeira vez, espaços dedicados exclusivamente à cultura nerd (na chamada "Dimensão Nerd", na Praça Roosevelt) e à comunidade paulistana do body art (na Galeria Prestes Maia).
Além disso, o Cine Windsor terá uma maratona de filmes do Godzilla (sendo que quase todos não passaram nunca no Brasil), e o Cine Dom José continua com as maratonas de filme de terror, iniciadas no ano passado - a temática desse ano são os lobisomens, ao invés dos zumbis de 2009. O Cine Arouche, estreante desse ano, emplacará uma programação de 24h de musicais - incluindo clássicos obscuros, como Rocky Horror Picture Show, e grandes sucessos mainstream, como Mary Poppins e A Noviça Rebelde.
As tradicionais peças de teatro e shows musicais agora dividem espaço com práticas pouco ortodoxas, como Live Actions de RPG, apresentações de cosplay, suspensão corporal, shibari e o encontro do Conselho Steampunk, em uma inesperada mistura de cultura erudita, popular, urbana, trash, nerd e underground, surpreendendo muito na transição de uma edição a outra.
Essa programação indigesta ajuda a dar força ao evento, que mostra buscar novos públicos e novas expressões artísticas e culturais em práticas que quase sempre são deixadas de lado por serem restritas a um nicho e de serem amplamente desconhecidas entre o grande público. Ainda que não seja a prioridade, a apresentação dessas diversas manifestações de cultura alternativa são louváveis - tanto para variar as atividades da Virada, quanto para mostrar que há sempre muito mais para conhecer e apreciar do que aquilo que o senso comum coloca como cultura e arte.
À organização do evento, os parabéns por planejarem uma programação que ao mesmo tempo que consolida as atividades que deram o formato geral da Virada, ainda por cima abre espaço para novas expressões culturais, buscando a apresentação e popularização entre o público tradicional de atividades e demonstrações culturais que hoje são restritas a certos nichos, mas que possuem tanta validade e capacidade de expressão quanto as artes mais consolidadas e tradicionais.
1 palpites:
Shibari? Oh!
Postar um comentário