Essa semana aprendi, com a Veja, que a campanha #somostodosmacacos acabou o racismo (talvez para sempre) no Brasil, e, com o Globo (http://naofo.de/6hc), que as manifestações do ano passado foram "o marco zero do atual processo de degradação da convivência social" que culminou com os linchamentos públicos de "justiceiros".
O que essas duas mentiras têm em comum?
Ambas se apoiam numa distorcida leitura da sociedade que ignora a história e as relações de poder, reduzindo os problemas sociais a discussões teóricas descontextualizadas.
No primeiro caso, resume-se o racismo à verbalização de uma ofensa discriminatória, deixando subentendido que basta esquecer o problema para que ele deixe de existir, o que, por sua vez, traz nas entrelinhas a ideia de que o racismo só existe porque há movimentos que insistem no (supostamente já superado) problema.
No segundo, da mesma forma, equipara-se a quebra de patrimônio à violência contra pessoas, como se a causa de toda violência no Brasil fosse o clima de insatisfação levantado pelos protestos. Iguala-se, assim, perversamente, a violência à denúncia da violência.
Para a Veja e para a Folha é só matar o mensageiro que todos os problemas sociais estariam resolvidos. Não bastasse à mídia corporativa brasileira não cumprir o papel de exposição dos problemas sociais, ela quer apontar aqueles que de fato lutam pelo não esquecimento e pela superação de nossos problemas como os responsáveis por eles.
Isso é apoiar a criminalização dos movimentos sociais. Isso é defender que não temos problemas sociais e que, portanto, nossos problemas devem ser resolvidos pela polícia e não pela política. Isso é continuar apoiando a ditadura que nunca deixaram de apoiar.
Para se manter informado, hoje, é preciso ouvir os gritos dos excluídos, que a mídia não mostra: os de dor e os de luta.
DG, Amarildo, Cláudia, Douglas, não esquecemos!
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